domingo, 19 de agosto de 2007

Não há segunda chance para causar uma boa primeira impressão

Confesso que a revitalização da Borges de Medeiros deu um ar surpreendentemente agradável, tirando aquela horrenda fiação aérea que a dividia em duas: agora, pela primeira vez, a Borges de Medeiros parece uma avenida integrada em ambos os lados. Tudo feito para causar uma boa impressão aos visitantes atraídos pelo 35º Festival de Gramado - Cinema Latino e Brasileiro (que estava bem mediano). Só que Gramado não se limita entre o trecho da Borges de Medeiros entre a Av. das Hortênsias e a Rua Augusto Zatti... Se bem que neste trecho há problemas que demonstrarei.

Primeiro, tratarei do lixo. Toda atividade humana, por ser imperfeita como os mesmos que as praticam, geram resíduos. Estes resíduos precisam ser descartadas de alguma maneira, de preferência, a dar uma nova vida aos mesmos por meio de reciclagem ou reuso, diminuindo a necessidade de aterros sanitários e permitindo uma nova fonte de renda pela venda do lixo descartado pela comunidade gramadense.


















Para quem não reconheceu, ou não quer reconhecer, este "elegante" morro de lixo está ao lado do Palácio de Festivais, um dia após o encerramento do 35º Festival de Gramado. Importante lembrar que havia muitos turistas tirando fotos das cercanias. Este tipo de imagem não é condizente com o glamour necessário para um festival de cinema de repercussões no subcontinente. Aliás, este tipo de imagem não condiz com nenhum local minimamente civilizado.

Infelizmente, esta imagem deplorável não é uma exceção.

















Já este entulho está na Praça Major Nicoletti e tenho sérias dúvidas se um bando de sacos negros jogados ao Deus dará seja algum tipo de equipamento público decorativo de uma área, digamos, verde. É importantíssimo ressaltar a falta de indignação dos traseuntes com a acumulação de lixo nas calçadas; tais pessoas agem como se o mesmo não existisse.

Voltando um pouco, temos mais outra acumulação de lixo nas cercanias do Palácio de Festivais:

















O lixo é simplesmente deixado ali, como se transparente fosse, num horário de movimento e trânsito de pessoas, na maioria, de fora da cidade. Vai ver aquele slogan, "Leve um pouco de Gramado com você", seja bem mais litteral do que se possa pensar.

Abandono, desculpe-me pelo trocadilho, o lixo e analisarei a Borges per se. Ouvi muitos turistas falando sobre a fiação subterrânea, como se isso fosse a 8ª maravilha do mundo ou o feito da engenharia do séc. XXI.

Andando por outro trecho da Borges, percebo, não apenas um exemplo de lixo urbanístico, com um possível risco de acidentes.

















Caso tu não tenhas uma noção exata, aquele fio balançante, acho que de telefonia, está ao alcance das mãos de qualquer pessoa com uma estatura mediana. Digo mais, qualquer pessoa com uma determinada altura já corre o risco de bater com a cabeça naquele fio. Para que não se localiza, esta é a esquina da Borges de Medeiros com Emílio Sorgetz.

















Só para registro: o fio em descendente na foto realmente encosta no chão, um convite para qualquer desavisado tropeçar no mesmo ou para alguma criança afoita colocar as mãos na serpente negra do solo. Agora, presta atenção na próxima foto. Verás que a situação calamitosa da horrorosa fiação aérea é, no mínimo, de conhencimento daqueles que têm a obrigação de mantê-la ordenada, se isto for possível:


















Presta bem atenção no mastro que sustenta a placa "rótula preferencial". Isso mesmo! Alguma alma iluminada teve a brilhante idéia de pegar um fio do poste e amarrar sua extremidade no mastro da placa de sinalização.

Apesar de não haver grandes comentários sobre as situações acimas mencionadas, elas denigrem a imagem da cidade, quando a mesma estaria no ápice de sua estação climática mais importante, o inverno.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Calçadas

Lá pelos idos de 17 de outubro de 2005, a Prefeitura de Gramado emitiu uma moratória de 120 dias para entrada de "projetos arquitetônicos plurifamiliares, hotéis e similares na zona urbana". Tal medida foi tomada para que o Conselho do Plano Diretor Desenvolvimento Integrado, em sua bizarra sigla C-PPDI (qual a razão do "C" ser separado do "PPDI"?), para discutir propostas para o Plano Diretor de Gramado (versão atual do mesmo). Desnecessário dizer que o Plano Diretor gramadense é uma das leis mais restritivas e absurdas do Brasil, como, por exemplo, só permitir construções em até 50% da área do terreno.

A municipalidade é rápida em impor inúmeras restrições ao direito de construir em propriedade privada, sem se dar ao trabalho de provar que tais restrições são benéficas a pessoa sofrendo as restrições. As medidas restritivas são basicamente anseios políticos de pessoas que se arvoram o direito de dizer como a cidade tem que se portar.

Curiosamente, uma coisa que é essencialmente pública é deixada ao Deus dará: as calçadas! Enquanto as residências estão a mercê de imposições e imposições, as calçadas não sofrem nenhum tipo de regulamentação, embora, estas sejam públicas. Para quem anda a pé por Gramado, pode ver, e sentir, isto. As calçadas exibem uma multitude de materiais de pavimentação, e, quase sempre, esta multitude de pavimentos está relacionada com um péssimo estado de conservação, um convite aberto para tropicar em alguma pedra deslocada. Gramado não possui nenhum tipo de norma que uniformize as calçadas, seja na inclinação, seja no pavimento, seja na vegetação e seus apêndices.

A cidade de Gramado adora se vangloriar da sua ecochatice via intromissões na esfera privada, e o faz sem o menor pudor. Pois aqui fica uma idéia interessante: por que não exigir que as calçadas sejam pavimentadas com concreto drenante? Além de uniformizar as caóticas e mal-pavimentadas calçadas gramadenses, tal concreto não impermeabiliza o solo, fazendo das calçadas, um sistema de prevenção de alagamentos, além de permitir que a água adentre o solo. Pesquisa feita para São Paulo diz que se todas as calçadas paulistanas fossem feitas deste material, isto equivaleria a 120 piscinões. Gramado ganharia em calçamento decente, contentaria os ecochatos e economizaria milhões de reais no futuro em obras de drenagem urbana.

Só que para isso ocorrer é necessário que o poder público local deixe de atazanar a vida de uma pessoa devido ao mísero fato desta utilizar, digamos, 51% da área do seu terreno e passe a ter mais cuidado com aquilo que é público por natureza.

P.S.: Reportagem muito interessante sobre calçadas, ainda mais o trecho que fala sobre calçadas inteligentes que permitem a utilização de fiação subterrânea de um jeito bastante simples e prático. Ah, fiação subterrânea será abordada em breve por este blog.